A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Abrantes,AHBVA, no seguimento da instauração de um inquérito interno que se revelou inconclusivo, já entregou o processo disciplinar – relativo à denúncia de um alegado abuso sexual no seio da corporação – a um advogado, para efetuar a sua avaliação e prosseguir com a apresentação ao Ministério Público, referiu à AL, o presidente da direção da AHBVA, João Furtado.
João Furtado disse que “o inquérito foi aberto de imediato, foi feito um processo interno normal”, mas daí surgiu a necessidade de “passar a um processo disciplinar, formulado por uma entidade externa e competente”.
O presidente da AHBVA considera que parte do processo já nada tem a ver com a direção da Associação Humanitária, nem com o Comando dos Bombeiros Voluntários de Abrantes (BVA), e por isso “o advogado está a analisar o processo e, muito provavelmente, irá entregar uma parte do processo ao Ministério Público”.
Segundo João Furtado, o inquérito interno foi inconclusivo, ficando alguns dados por apurar. “O inquérito não foi conclusivo, mas indicia eventualmente/confirma uma situação, que é a entrada do bombeiro na camarata feminina. Portanto, é a única confirmação que temos. Temos duas situações diferentes, duas versões diferentes. Tudo o resto não está confirmado e portanto, passámos à instância seguinte: um processo disciplinar, que já iniciou, através de um advogado”, esclareceu.
Quanto aos bombeiros envolvidos no caso, “vão continuar suspensos. Não vão estar presentes até ao fim do processo disciplinar”, confirmou João Furtado.
Quando questionado pela AL quanto ao ambiente que se vive na corporação após terem tomado conhecimento do caso, o presidente da AHBVA referiu que “a situação é calma” e não está a afetar a atividade normal do corpo de bombeiros.
“Eu tenho estado na corporação nestes últimos dias, e digamos que, todos nós fomos surpreendidos. Mas há que apurar a verdade dos factos. E a situação é calma. O trabalho está a decorrer normalmente em todas as frentes, quer operacionais, quer não operacionais”.
Segundo João Furtado este é um “caso isolado (…) E não há razão para alarmismos, porque isto é uma situação pontual. A existir, está a ser averiguado, não temos indicações nem para um lado, nem para o outro. Preocupa-nos o facto, sim. Mas não tem relacionamento com o resto da atividade”, finalizou.
Recorde-se que, o inquérito terminou a 29 de fevereiro, segunda-feira passada, para apurar factos sobre uma alegada tentativa de agressão sexual no seio do corpo de bombeiros.
A Antena Livre recebeu uma denúncia anónima sobre este caso, que refere que “a situação é incómoda e está a deixar todos muitos preocupados [dentro da corporação]”.
Mais dá a conhecer o denunciante que se tratou de “uma tentativa de violação por parte de um bombeiro para com outra colega, também bombeira, que descansava na sua camarata, quando deu conta deste elemento que a tentou abusar sexualmente”. No mesmo documento é possível ler-se que “o elemento da corporação [alegado agressor] tem no seu passado uma série de tentativas de abuso de ex-funcionárias, bem como uma recruta do curso anterior”.
Consta ainda nesta denúncia que o alegado agressor exerce cargos junto da Escola de Infantes e Cadetes e na parceria desenvolvida com o PIEF do Agrupamento de Escolas nº 2, de Abrantes.
Ainda assim, a AHBVA declara que “quer a escola de Infantes e Cadetes, quer o projeto PIEF envolvem uma equipa de Bombeiros que estão empenhados no desenvolvimento das atividades, pelo que o seu funcionamento não será afetado” e confirma ter recebido esta denúncia de forma não anónima.
João Furtado confirmou, agora, à AL que a direção da AHBVA tomou conhecimento através do Comandante [António Manuel Jesus], que recebeu a denúncia pela própria bombeira, e deu a informação à direção.
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