Protesto juntou cerca de três centenas de bombeiros na Praça do Município Cerca de três centenas de bombeiros profissionais, de norte a sul do país e da ilha da Madeira, manifestaram-se esta tarde em Abrantes em protesto contra a extinção dos Bombeiros Municipais de Abrantes.
“Demissão” e “Bombeiros unidos jamais serão vencidos” aliados a fotos da autarca de Abrantes com várias frases, entre as quais “coveira”, e muitas sirenes e apitos constituíram o protesto organizado pelo Sindicato e pela Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais. Os bombeiros, fardados, desfilaram pelas ruas de Abrantes e concentraram-se na Praça do Município, devidamente policiada, para encetarem o ruidoso protesto.
Fernando Curto, presidente do Sindicato dos Bombeiros Profissionais, depois de ter falado aos manifestantes dirigiu-se à Câmara Municipal para entregar um memorando com as reivindicações do sindicato. O dirigente foi recebido pelo vice-presidente da autarquia face à ausência de Maria do Céu Albuquerque, e começou por lamentar a sua ausência, por questões de agenda: “Queríamos dizer, olhos nos olhos, à Srª presidente porque é que não marcou a reunião que disse que iria ter para assinar o contrato colectivo de trabalho, porque é que o ano passado atribuiu a medalha de prata aos Bombeiros Municipais e agora acabou com eles”.
Fernando Curto acusou ainda a autarca de faltar à verdade quando afirma que os bombeiros municipais são mais caros do que os voluntários e reafirma que “a segurança em Abrantes está comprometida”, já era razoável com os municipais e agora fica pior. Fernando Curto reagiu ainda à intenção da Câmara de Abrantes de agir judicialmente contra o Sindicato precisamente pelas acusações de que a segurança no concelho vai ficar pior: “Não tenho medo de processos, disse a verdade, adianto que tenho informações de ocorrências que não tiveram saídas do quartel e perguntei ao vice-presidente quantos homens estavam agora (16h00) no quartel. Ele não sabia”. Fernando Curto reforçou ainda que se a autarca for pela via judicial “nós também” deixando no ar a ideia de poder avançar também para os tribunais.
O dirigente sindical reforçou ainda que não tem nada contra os bombeiros voluntários e até indicou que recebeu um fax da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais a solidarizar-se com o protesto. Fernando Curto mantém a posição de que é um erro a extinção dos bombeiros municipais e que a Câmara e os voluntários poderiam fazer o que se faz nos outros concelhos: “Os voluntários são pagos dentro da legalidade só que tanto eles como as autarquias têm que apresentar os valores para descontos e é isso que aqui não querem”.
No meio do protesto, Fernando Curto, fez questão de dizer ainda que “vamos continuar muito atentos ao socorro à população de Abrantes e, sempre que necessário, vamos informar sobre os problemas que detectarmos”. Outra das questões abordadas foi o destino nos profissionais que não quiseram integrar o novo corpo voluntário: “agora são jardineiros, coveiros e motoristas. E os que passaram quem é que os vai avaliar, um chefe dos voluntários. Como fica a avaliação da função pública?”
Fernando Curto, presidente do Sindicato dos Bombeiros Profissionais, ao lado de um cartaz com a foto da presidente da autarquiaCâmara diz que segurança vai ser melhorada
A Câmara Municipal de Abrantes já havia emitido um comunicado em que diz que a segurança e socorro vão ficar melhorados com a criação deste corpo de voluntários, adiantando que os profissionais que passaram para a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários não perdem direitos nem regalias. Já sobre a extinção dos municipais o mesmo texto revela que “o corpo misto de bombeiros municipais de Abrantes não tinham capacidade para prestar a sua actividade continuamente num território tão vasto” e acrescenta que são 26 os bombeiros profissionais, já incluindo os sapadores florestais.
Argumenta ainda que não pode contratar mais bombeiros profissionais, face a um normativo legal, facto desmentido pelo presidente do Sindicato dos Bombeiros Profissionais.
No mesmo texto a autarquia manifesta a intenção de apresentar uma participação ao Ministério Público para “apuramento de eventuais responsabilidades relativamente às acusações lesivas do Município de Abrantes e dos seus órgãos eleitos levadas a cabo pelo Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais e pela Associação Nacional de Bombeiros Profissionais”.
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