sábado, 22 de junho de 2013

Comentário enviado ao O Mirante - Vale a Pena Ler!

Depois de ter saído no Jornal O Mirante esta informação prestada por um leitor NOTICIA, um dos Bombeiros Profissionais do extinto corpo de Abrantes decidiu dar resposta ao mesmo em sua defesa e em defesa do trabalho que prestou durante 19 anos da sua carreira desperdiçada um prol de um grupo de amigos que decidiu esbanjar dinheiros públicos assim como achamos que é importante esta divulgação por vermos a realidade do trabalho prestado e para que as pessoas saibam e ouçam as duas partes e sempre em prol da verdade.




"E se o senhor se informasse melhor sobre o assunto antes de vir opinar publicamente sobre o que não sabe.Nem tudo o que sai na comunicação social é verdade por isso senhor Fernando Mestre deixe de opinar sobre pessoas que não conhece e que não lhe reconhecem o direito de suspeitar da sua real cidadania e dedicação.
E para terminar gostaria de lhe dizer isto.
Desejava que compreendessem o que sou hoje !! 

Desejava que pudesses ver a tristeza de um homem de negócios quando o trabalho da sua vida desaparece em chamas ou uma família que regressa a casa e apenas encontra a sua casa e os seus pertences danificados ou destruídos. 

Desejava que pudesses saber o que é procurar num quarto a arder por crianças presas... As chamas por cima da tua cabeça, as palmas das mãos e os joelhos a queimaram enquanto tu rastejas... O chão a ranger com o teu peso, enquanto a cozinha arde por baixo de ti. 

Desejava que pudesses compreender o horror de uma esposa quando às 3 da manhã verifica que o marido não tem pulso... 
Inicio o S.B.V. (suporte básico de vida) no mesmo, esperando uma hipótese muito remota de trazê-lo de volta... Sabendo instintivamente que era tarde demais... 
Mas querendo que a família soubesse que tudo o que era possível foi feito. 

Desejava que pudesses saber o cheiro único de uma queimadura, o gosto da saliva com sabor a fuligem... Sentir o intenso calor que passa através do equipamento, o som dos estalos das chamas, a sensação de não conseguir ver absolutamente nada através do fumo denso... Sensações que se tornaram muito familiares para mim... 

Desejava que pudesses compreender como nos sentimos ao ir para o trabalho de manhã após passarmos a maior parte da noite suando com o calor de diversas chamadas de fogo... 

Desejava que pudesses ler o meu pensamento quando respondo a uma chamada para um edifício a arder, "Será falso alarme ou um enorme incêndio? Como será a construção do edifício? Que perigos esperam por mim? Estará alguém lá dentro ou saíram todos?" 
"Ou para uma chamada de socorro," o que se passará com o doente? Será que a pessoa que telefonou está mesmo em apuros ou estará à minha espera com uma arma?". 

Desejava que pudesses estar na sala de emergência quando o médico decide anunciar a morte da linda menina de cinco anos que tenho tentado salvar durante os 25 minutos anteriores, e que nunca irá ter o seu primeiro namorado, nem nunca mais irá dizer "gosto muito de ti, mãe"... 

Desejava que pudesses saber a frustração que sinto na cabina do veiculo de combate a incêndios, o motorista com o acelerador a fundo, a sirene vezes sem conta quando não se consegue passar por um cruzamento ou no meio do transito. Quando vocês precisam de nós, no entanto, o primeiro comentário quando chegamos será "levaram muito tempo para cá chegar". 

Desejava que pudesses ler os meus pensamentos enquanto ajudo a retirar os restos de uma jovem do seu veículo contorcido,” e se fosse a minha irmã a minha namorada ou alguma amiga? 
Qual será a reacção dos seus pais quando abrirem a porta e depararem com alguém para lhes darem a trágica noticia?" 

Desejava que pudesses saber como é entrar em casa e cumprimentar a família não tendo coragem para lhes dizer que quase não voltei da última chamada. 

Desejava que pudesses sentir os meus sentimentos quando as pessoas 
verbalmente, e às vezes fisicamente, nos maltratam ou subestimam o que 
fazemos, ou quando têm a atitude "isto nunca me aconteceria". 

Desejava que pudesses perceber a instabilidade mental, emocional e física de refeições perdidas, sonos perdidos e a falta de actividades sociais associadas todas as tragédias que os meus olhos já viram. 

Desejava que pudesses saber a irmandade que existe e a satisfação de ajudar a salvar uma vida, a preservar as coisas de alguém, a estar "lá" nos tempos de crise ou a criar ordem quando existe um caos total. 

Desejava que pudesses compreender como nos sentimos quando temos uma criança a puxar-nos o braço e a perguntar "a minha mãe está bem?" sem sequer conseguir olhar nos seus olhos sem deixar cair umas lágrimas e sem saber o que responder. Ou ter de segurar um amigo de longa data enquanto o seu companheiro vai na ambulância a receber respiração boca-a-boca. 
Sabendo de antemão que ele não trazia o cinto de segurança posto. 

Desejava que soubesses o que sentem os familiares daqueles que falecem em prol do próximo e muitas das vezes são criticados por aqueles que sempre que estão em apuros por nós chamam sem hesitar. 

Desejava que percebesses o que é sair para uma ocorrência mas não saber se voltas, porque quando os outros vêm a fugir nós vamos a dirigir-nos para lá. 

Podemos não voltar mas Vamos! 

Sensações que me ficaram muito familiares... 

A menos que tenhas vivido este tipo de vida, nunca conseguirás entender 
verdadeiramente ou apreciar 

QUEM EU SOU, O QUE NÓS SOMOS OU O QUE O 


NOSSO TRABALHO SIGNIFICA REALMENTE PARA NÓS… 

Enfim desejava que pudesses.... 

Um bombeiro que abdicou da sua família e da sua vida particular durante 19 anos de dia e de noite para salvaguardar bens e pessoas como o Senhor Fernando Mestre. 

Paulo Nascimento 

Comentário enviado ao Jornal O Mirante em resposta ao Senhor Fernando Mestre"

2 comentários:

  1. Estranho o Mirante não publicar a minha resposta ao Senhor Fernando Mestre Será que existem cidadãos de primeira e de segunda para puderem publicar comentários no Mirante ou haverá restrições impostas eis a questão ?

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